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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

BOTA NA LAMA


Pier Luigi Bersani, do Partido Democrático, ex-comunista
Vejam vocês: nas eleições de domingo próximo, o Partido Democrático (PD, ex-Partido Comunista Italiano) de Pier Luigi Bersani deve sair vitorioso, numa clara rejeição do eleitorado às políticas de austeridade do governo tecnocrata Mario Monti, imposto ao país pela troika (Banco Mundial, Banco Central Europeu e FMI). Mas será que essa rejeição será ouvida? Se o PD ganhar, ele provavelmente não terá, sozinho, a maioria necessária para formar um governo. E, aí, adivinhem quem deverá apoiá-lo? Mario Monti, o queridinho dos mercados, o cão de guarda da política de austeridade que garante o lucro do setor financeiro à custa dos empregos de milhões de cidadãos, como acontece na maioria dos países da Europa. É que o PD, embora coligado a forças de esquerda, é hoje mais centrista do que a antiga Democracia Cristã, ou seja, defende o mesmo receituário neoliberal para sair da crise. Mas, se se coligar com Monti, os ex-comunistas terão problemas com os sindicatos. De qualquer forma, é irônico que, num país cujo Partido Comunista foi o maior do Ocidente, a esquerda tenha chegado a ponto de não ter representação no Parlamento.

Silvio Berlusconi, o fanfarrão que encanta a Itália
O segundo colocado é o fanfarrão Silvio Berlusconi, o corrupto e autoritário megaempresário que criou leis para evitar ir para a cadeia, tem relações com a Máfia e controla quase toda a mídia do país. Que um sujeito como esse tenha ainda tanta intenção de voto – podendo até ganhar – revela o grau de deterioração da democracia italiana.

Beppe Grillo, o palhaço qualunquista
E o terceiro colocado é um palhaço – comediante, se quiserem –, Beppe Grillo, que, como Marina Silva e Gilberto Kassab, diz que não é de esquerda nem de direita. É uma mistura de Silvio Santos com Fernando Collor de Melo, ou seja, um populista autoritário; na linguagem política italiana, um “qualunquista”, movimento que surgiu depois da II Guerra e que desdenhava dos partidos e das instituições da democracia. O partido desse sujeito – chamado “Cinco Estrelas” – terá mais votos que Mario Monti, prevêem as pesquisas. A ascensão de Berlusconi e de Grillo e a possibilidade de um novo governo pró-austeridade, apesar de a maioria querer outra coisa – tudo isso mostra que a crise da representação não é um apanágio dos chamados países em desenvolvimento, o antigo Terceiro Mundo.   

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