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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

CIVILIZAÇÃO DE REMENDOS

IV
Esses, afinal, combateram,
e alguns acreditando,
                           pro domo, afinal...

Alguns por amor às armas,
alguns por aventura,
alguns por medo da fraqueza,
alguns por medo da censura,
alguns por amor à mortandade, em pensamento,
aprendendo mais tarde...
alguns com medo,aprendendo a amar a mortandade;

Morreram uns, pro patria,
     não "dulce", não "et decor"...
andaram de olhos fundos pelos infernos,
acreditando nas mentiras dos mais velhos,
depois, descrentes, voltaram
para casa, voltaram para uma mentira,
para muitos engodos,
para velhas mentiras e nova infâmia;
a usura decrépita e adiposa
e os mentirosos nos postos públicos. 

Audácia como nunca antes,
desperdício como nunca antes.
Sangue jovem e sangue quente,
belas faces e corpos sãos;

vigor como nunca antes

fraqueza como nunca antes,
desilusões como nunca se ouviu nos velhos dias,
histerias, confissões de trincheira,
riso frouxo de ventres mortos.

V
Ali jaz uma miríade,
E dos melhores, entre eles,
Por uma velha cadela desdentada,
Por uma civilização de remendos,

Viço nos lábios sorridentes,
Faísca de olhos sob a pálpebra da terra,

Por duas grosas de cotos de estátuas,
Por algumas pilhas de livros rotos.

EZRA POUND, E.P. ODE POUR L'ELECTION DE SON SEPULCHRE
 

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