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quinta-feira, 5 de maio de 2011

MAL RADICAL OU BANALIDADE DO MAL?


Gershom Scholem
"Gershom Scholem observou que Hannah Arendt havia identificado, anteriormente, o 'mal radical' como uma característica do totalitarismo: 'Naquele momento', escreve ele a ela em um tom irônico, 'você aparentemente não havia descoberto que o mal é banal'. O subtítulo de seu livro sobre Eichmann é 'um relato sobre a banalidade do mal'. Arendt admitiu a mudança: 'você tem razão: mudei de ideia e não falo mais de um 'mal radical'. Ela explicou que 'de fato, minha opinião agora é que o mal nunca é 'radical', que ele é apenas extremo e que ele não tem uma dimensão nem profunda nem demoníaca'. [...] A noção de 'banalidade do mal' se opõe à de 'mal radical' [...] 'Vê-se que Eichmann foi muito menos influenciado pela ideologia do que eu supus no livro sobre o totalitarismo. O impacto da ideologia sobre o indivíduo pode ter sido superestimado por mim'. [...]

Hannah Arendt
Hannah Arendt explicou ter chegado ao julgamento de Eichmann embebida com uma noção satânica de mal: 'Entretanto, deparei-me com algo inteiramente diferente [...] Fui surpreendida por uma superficialidade manifesta do agente, que tornou impossível remeter o mal incontestável de seus atos a qualquer camada mais profunda de raízes ou motivos. O agente [...] era bem comum, ordinário, não era nem demoníaco nem monstruoso. Não havia nele qualquer sinal de firmes convicções ideológicas ou motivos específicos do mal' [...]".
Os críticos tentaram diminuir a força da mudança de opinião de Arendt, argumentando, por exemplo, que a noção de 'mal radical' é compatível com a 'banalidade do mal', ou que, sob o totalitarismo, o mal radical se torna banal".
Russell Jacoby, Imagem Imperfeita - pensamento utópico para uma época antiutópica 

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