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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

OS 40 ANOS DA MORTE DE RUBENS PAIVA

Passou quase despercebido o 40º aniversário, no último dia 20 de janeiro, do assassinato do ex-deputado Rubens Beyrodt Paiva, pai do jornalista Marcelo Rubens Paiva. Deputado federal pelo antigo PTB em 1962, Rubens Paiva integrava a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava as atividades do IPES/IBAD - entidades ligadas à UDN e criadas com o financiamento de várias empresas para combater o governo do presidente João Goulart. O IPES era dirigido pelo general Golberi do Couto e Silva, que seria um dos principais articuladores do golpe de 1964. A CPI descobriu que vários cheques recebidos pelo IPES/IBAD eram enviados para alguns militares. 

Cassado em 10 de abril de 1964, Rubens Paiva exilou-se com a família na Iugoslávia e depois na França. Meses depois, contudo, voltou ao Brasil e retomou suas atividades de engenheiro. Não apoiava a luta armada, nem estava ligado a nenhuma organização clandestina, mas mantinha contato com perseguidos políticos. Junto com Fernando Gasparian, fundou o Jornal de Debates e dirigiu o Última Hora de São Paulo, até Samuel Wainer vender o jornal para o grupo Folha. Segundo o depoimento de Marcelo Rubens Paiva, o ex-deputado petebista "escondia perseguidos, tirava-os do Brasil por rotas secretas, dava passaporte falso, dinheiro, mandava relatos para a imprensa internacional [a daqui era censurada] sobre torturas e abusos dos direitos humanos". Numa ocasião, Paiva esteve no Chile para ajudar a filha exilada de um amigo. A prisão de duas pessoas com cartas para o ex-deputado levou a repressão a acreditar que ele tinha contato com o ex-capitão Carlos Lamarca, principal líder da oposição armada ao regime dos generais.  

Quartel da PE na Barão de Mesquita

No dia 20 de janeiro de 1971, uma equipe do CISA (Centro de Informações da Aeronáutica) prendeu Rubens Paiva em sua casa no Leblon. Ele se foi ao quartel dirigindo o próprio carro. Os agentes também prenderam a mulher do ex-deputado, Eunice, e uma de suas filhas, Eliana, de 14 anos. Ele foi barbaramente torturado pela equipe do facínora que atendia pelo nome de brigadeiro João Paulo Burnier - o mesmo que, no mesmo ano, mataria Stuart Angel Jones, filho da estilista Zuzu Angel. Mas, como Paiva era "peixe grande", foi requisitado pelo Exército e levado para o Doi-Codi, no quartel da PE na Barão de Mesquita, onde seria morto. Seu corpo jamais foi encontrado e os órgãos de segurança divulgaram a versão de que ele teria sido sequestrado por desconhecidos quando era tranportado ao Do-Codi. Há versões de que seu corpo teria sido jogado no mar ou esquartejado. Em 1996, a União reconheceu a responsabilidade na sua morte.

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