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sexta-feira, 14 de maio de 2010

ELES QUEREM MAIS, MUITO MAIS

"Os defensores do fundamentalismo de mercado querem agora que os erros do mercado sejam vistos como erros de governo"
(Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia de 2001)
Muito reveladora a carta do ex-presidente da Telebrás publicada no Correio Brasiliense no último dia 12. Em linhas gerais, Jorge da Mota Silva lembra que a grande transformação das comunicações brasileiras teve início com a criação da Telebrás, em 1972. "As redes de fibras óticas, a criação da Embratel, o uso dos satélites, as transmissões a cores pelas televisões, a modernização do sistema, integrando o Brasil [...] foram conquistas, sim, do monopólio estatal", afirma ele. "Muitos de boa ou má fé teimam em dar como exempo de anacronismo a estagnação da telefonia fixa, fruto de políticas adotadas pelos governos, que para manter o famigerado superávit primário impôs restrições aos investimentos, mesmo que houvesse recursos próprios das empresas estatais". Algo que nossa mídia thatcherista, convenientemente, sempre fez questão de esquecer ou ignorar.

Mota Silva prossegue, dizendo que o grande argumento dos gênios da privataria que criaram o atual modelo de telecomunicações era a busca da livre concorrência no setor. Hoje, continua ele, esses arautos da privatização, quase todos a serviço das teles como lobistas, consultores ou empregados diretos, ganhando polpudos pro-labores, querem mais incentivos do governo para levar aos brasileiros o que já deveriam ter feito. Na realidade, nesses 12 anos, as teles tiveram "gordas tarifas e perdão de obrigações assumidas nos contratos de concessão que não cumpriram. Querem sempre mais. Não bastou a distribuição que receberam, em 1998, de ativos da Telebrás da ordem de R$ 31 bilhões e, mais adiante, R$ 8 bilhões em compensações tributárias. Agora querem ditar também as políticas públicas de comunicações".

Ele termina dizendo que o governo do presidente Lula está apenas corrigindo distorções flagrantes no atual modelo das telecomunicações e estendendo o braço do Estado aos consumidores que querem participar das conquistas da tecnologia através do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL).
Não é preciso dizer que a grande mídia praticamente ignorou o assunto.

(Na foto à direita, José Serra, ministro do Planejamento de FHC, e Elena Landau, diretora de desestatização do BNDES, batem o martelo durante a privatização da Telebrás em 1998. Landau integraria depois o Grupo Opportunity, aquele do Daniel Dantas, um dos maiores beneficários da privataria de FHC)

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