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sábado, 3 de abril de 2010

O PAI DA POLÍCIA POLÍTICA

Joseph Fouché (1763-1820) foi o inventor da moderna polícia política. Fanático, impiedoso e calculista, esse ex-seminarista aderiu à ala mais radical da Revolução Francesa, os jacobinos. Durante o Terror de 1793-94 limpou impiedosamente a região de Nantes-Lyon de contra-revolucionários, sendo responsável pela execução de quase duas mil pessoas. Em 1794, ao perceber que Robespierre acumulava inimigos, juntou-se aos conspiradores do Termidor que derrubaram o Comitê de Salvação Pública. Mestre na arte da intriga, ajudou a articular o golpe do 18 Brumário de 1799, que levou o general Napoleão Bonaparte ao poder. Apoiado pelo sinistro Talleyrand, Fouché foi nomeado ministro da Polícia do consulado. Mostrou sua eficiência ao desvendar uma tentativa de assassinato do primeiro-cônsul. A partir daí, Napoleão deu-lhe carta branca. Logo espalhou sua rede de informantes por toda a França. Fazia dossiês para o imperador que cobriam desde as intrigas palacianas, reações às medidas do governo, deserções no Exército, prisões de estrangeiros e a correspondência interministerial. Segundo Stefan Zweig, um de seus biógrafos, a guilhotina tornou-se um instrumento grosseiro comparado à refinada máquina policial que Fouché montara. Serviu-se especialmente de trânsfugas radicais, que recrutou como espiões. Estorquia bordéis e cabarés para financiar a repressão contra os adversários do regime. Ardiloso, conspirou contra Napoleão em 1814, voltou a juntar-se a ele durante os Cem Dias e novamente aliou-se aos inimigos do imperador depois da derrota em Waterloo. Fouché, que como deputado votara em 1792 pela execução do rei Luís XVI, voltou como ministro de Polícia do regime reacionário de Luís XVIII, irmão do monarca guilhotinado. Assim, o revolucionário que usou o terror contra os defensores dos Bourbons não hesitou em perseguir implacavelmente os inimigos da restauração.
Joseph Fouché e sua obra viraram fonte de inspiração para a maioria das polícias políticas de regimes totalitários e ditatoriais, da Tcheca e da NKVD dos bolcheviques à Gestapo dos nazistas; do DOPS brasileiro à DINA chilena. Até chefes de polícia de países democráticos, como J. Edgar Hoover, "dono" do FBI por quase 50 anos, adotaram seus métodos de espionar os próprios cidadãos.

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