Powered By Blogger

sábado, 27 de março de 2010

O LOBBY POR TRÁS DO TRATADO DE REDUÇÃO DO ARSENAL NUCLEAR

O tratado acertado entre Estados Unidos e Rússia para redução do arsenal nuclear é mais uma vitória política do presidente Barack Obama. É o mais audacioso acordo desse tipo desde o Start-1 (redução de armas nucleares estratégicas) que venceu em dezembro sem ter sido implementado. Através desse novo tratado, as duas potências nucleares do planeta se comprometem a reduzir suas ogivas nucleares a um máximo de 1.550 cada - hoje o limite é de 2.600 para a Rússia e 2.100 para os Estados Unidos. Já os vetores (mísseis lançados de silos, submarinos e bombardeiros) caíram de 1.600 para 800. Mesmo com os novos limites, EUA e Rússia continuam com o poder de destruir o mundo várias vezes. Ainda assim, o acordo - cuja ratificação pelo Congresso americano é incerta - fortalece o discurso de Obama contra a proliferação nuclear e aumentará a pressão sobre o Irã, acusado de usar ilegalmente o programa nuclear para fins militares, já que o país é signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). Aumentarão, também, as pressões para que o Brasil assine os Protocolos Adicionais do TNP, que preveem maior acesso da Associação Internacional de Energia Nuclear (AIEA) às instalações nucleares. O Itamaraty teme que, assinando esses protocolos, os inspetores queiram limitar a tecnologia de enriquecimento de urânio desenvolvida pelo Brasil.
O acordo também está longe de representar um "esforço pela paz", como foi vendido. Ele responde principalmente ao lobby da indústria energética dos Estados Unidos. Os núcleos de material radioativo das bombas desativadas são utilizados para alimentar usinas nucleares. Conforme notou Igor Gielow na Folha de S. Paulo, 90% da energia extraída de centrais nucleares americanas vem das bombas desativadas do arsenal soviético e 10% do arsenal americano. Cerca de 10% da energia produzida pelos americanos provém de usinas nucleares.
O tratado também não mexe no sistema antimísseis que Washington pretende instalar na Europa, que no passado provocou irritação das autoridades de Moscou.
Seja por esse último motivo, seja pelas dificuldades que Obama terá para aprovar o tratado no Congresso americano, o impasse sobre proliferação nuclear ainda está longe de ser resolvido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário