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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

À SOMBRA DE MACONDO

A grande mídia não se cansa de falar da "narcoguerrilha" da Colômbia, principalmente das FARC, mas quase não menciona os paramilitares de extrema-direita, nascidos como ponta de lança dos interesses do narcotráfico e com amplas ligações com os militares e os serviços de inteligência do país. Pois bem: a Unidade de Justiça e Paz da Promotoria colombiana acaba de divulgar um relatório informando que as chamadas Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) assassinaram 30 mil pessoas num período de menos de 20 anos - entre meados dos anos 1980 a 2003. A cifra é semelhante ao número de vítimas da ditadura militar argentina (1976-1983), a mais sanguinária da América do Sul. A maioria dos assassinatos era de camponeses cujas terras foram expropriadas pelos grandes traficantes para que fazer a lavagem do dinheiro sujo proveniente das drogas - um processo conhecido na Colômbia como "limpeza social". O governo do presidente Álvaro Uribe (acima, à dir.) - ele mesmo ligado no passado às AUC - permitiu que esses facínoras retornassem à vida legal fixando uma pena máxima de oito anos para seus crimes. O mesmo governo se recusa a negociar com a guerrilha, que nasceu nos anos 60 defendendo camponeses e acabou enveredando para o narcotráfico. Uribe também não diz uma palavra sobre as unidades militares colombianas de elite que, com amplo apoio americano, se envolveram em massacres e tortura de camponeses - atividades essas amplamente denunciadas e documentadas por entidades internacionais de defesa de direitos humanos. E depois é o fanfarrão do Hugo Chávez que é o grande inimigo da democracia no subcontinente...

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