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sábado, 9 de janeiro de 2010

QUEM FORAM OS TERRORISTAS?

1) No dia 1º de maio de 1981 um Puma foi em direção ao Pavilhão do Riocentro, onde se realizava um show em homenagem ao Dia do Trabalho organizado por sindicalistas e entidades de esquerda. No interior do carro estavam dois agentes do Doi-CODI do Rio, o capitão Wilson Luís Alves Machado e o sargento Guilherme Pereira do Rosário. O carro carregava uma bomba que deveria explodir durante o show, mas ela detonou antes da hora, matando o sargento e ferindo o capitão. Meia hora depois, outra bomba explodiu na caixa de energia. E havia uma terceira bomba no carro, que não explodiu. O ato fora coordenado pelo Centro de Informações do Exército (CIE) e visava provocar as explosões para criar pânico. O que se seguiu depois foi um dos maiores espetáculos de hipocrisia do regime militar: o governo apressou-se a classificar o ato como um frustrado atentado terrorista de grupos de esquerda; o inquérito foi uma peça de fancaria produzida pelo coronel Job Lorena de Sant’Ana. Os terroristas viraram heróis do Exército e foram homenageados como se tivessem sido vítimas. O caso levou à demissão do general Golbery do Couto e Silva, chefe da Casa Civil e mentor da “abertura lenta e gradual” de Geisel-Figueiredo.

2) No ano anterior, em 27 de agosto de 1980, uma bomba foi enviada à sede do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro, matando a secretária Lida Monteiro da Silva, de 60 anos. Bombas semelhantes tinham sido colocadas na sede da Associação Brasileira de Imprensa e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Bancas de jornais também foram incendiadas por venderem jornais da imprensa alternativa. Era obra do “porão” do regime, grupos da extrema direita civil e militar inconformados com o avanço das lutas democráticas no país. Reflexo também da anarquia dos quartéis na época do general-presidente João Baptista Figueiredo. Aconteceu quase um ano depois da Lei da Anistia. Ninguém jamais foi punido.

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3) Antes do AI-5, em outubro de 1968, o deputado Marílio Ferreira Lima (MDB-PE) denunciou na Câmara um sinistro plano da direita militar: o brigadeiro João Paulo Moreira Burnier, chefe de gabinete do Ministro da Aeronáutica, planejava usar o Para-SAR, unidade de paraquedistas de salvamento na selva, para perpetrar atentados terroristas no Rio de Janeiro - explodir a Sears, o Citibank e a Embaixada americana, além de dinamitar o gasômetro da avenida Brasil na hora do rush, atribuindo depois os atentados à esquerda. O plano incluía o assassinato de 40 líderes de oposição, mas acabou fazendo água pela ação corajosa do capitão da Aeronáutica Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, o “Sérgio Macaco”, que o denunciou aos seus superiores. O caso foi levado ao brigadeiro Eduardo Gomes, patrono da Aeronáutica e um dos heróis do Levante do Forte de Copacabana em 1922, que apoiou o capitão. Mas o inquérito da FAB foi arquivado e seu relator, o brigadeiro Itamar Rocha, exonerado do cargo de diretor-geral das Rotas Aéreas e preso por alguns dias. O capitão Sérgio foi expulso da Aeronáutica e cassado pelo AI-5.
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O brigadeiro Burnier, morto em 2000, foi um crápula. Participou em 1959 da Revolta de Aragarças (GO) contra o governo Kubitschek, quando sequestrou um avião da Panair. Um dos criadores do CISA (órgão de informações da Aeronáutica), em 1971 chefiava a III Zona Aérea quando lá foi assassinado o militante Stuart Angel Jones. Sobre Burnier, disse o brigadeiro Eduardo Gomes, em carta ao presidente Geisel: "é um insano mental inspirado por instintos perversos e sanguinários, sob o pretexto de proteger o Brasil do perigo comunista".

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